Lição 8... DEUS É PERDOADOR

Texto bíblico Romanos 3 a 7 - Texto áureo Romanos 5.8


DIA A DIA COMA BÍBLIA
Segunda – Romanos 3.9-20
Sexta – Romanos 5.12-21
Terça – Romanos 3.21 -31
Sábado – Romanos 6.1-23
Quarta – Romanos 4.1-25
Domingo - Romanos 7.1-25
Quinta – Romanos 5.1-11


No projeto de salvação há muitos elementos constitutivos e dentre eles destacamos o perdão. O Deus salvador é o Deus perdoador. Perdão significa remissão de pena, indulto e, num sentido mais amplo, significa libertação da culpa. Aprendemos que perdoar é esquecer. Jeremias 31.34 afirma que Deus perdoaria toda a maldade do povo de Israel e dos seus pecados não mais se lembraria. Isto poderia trazer dificuldade para nós, uma vez que é muito difícil esquecer o sofrimento. Como conciliar estas idéias? Como conceituar Deus como perdoador de modo a imitarmos esta sua característica?

O DEUS PERDOADOR
Para entendermos Deus como perdoador, faz-se necessário relembrarmos a universalidade do pecado. Em Romanos 3.9-20 há uma seqüência de “todos” e “não há um sequer”, o que dá a dimensão totalizante do pecado. Isto pode ser resumido nas palavras gravadas no versículo 10 do texto citado:  “não há um justo, nem um sequer”.  O Antigo Testamento também fala deste aspecto global do pecado. Em Isaías lemos o seguinte: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho” (Is 53.6). “Todos” e “cada um” apontam para pecado como comum a todos os seres humanos.
Uma vez que o pecado faz separação entre Deus e o homem (Is 59.2), cria um mal-estar na alma humana e desperta o desprazer divino, daí, o perdão é visto como fundamental, fascinante, necessário e, nalguns casos, até mesmo dolori­do, Isto pelo fato do perdão ser entendido como reatamento de relações no qual acontece um processo de purificação espiritual e mental.
No Antigo Testamento desenvolveu-se o correto pensar de que só Deus tem o poder de perdoar pecado. Isto não foi um aprendizado fácil, uma vez que era tendência do ser humano (e ainda o é) transferir para o ritual (ofertas e sacrifícios) o poder de perdoar. Em muitos momentos, Israel olhava o sistema sacrifical como sendo algo penitencial. Mas a diferença entre o alívio circunstancial e a necessidade de paz permanente fez a diferença. No Salmo 51 encontramos a dimensão correta do perdão. Nos versículos 1 -4 o salmista entende que todo pecado fere a santidade divina. Nos versículos 5-15 há o reconhecimento das relações cortadas entre o ser humano e Deus e há uma série de rogos por uma ação restauradora da parte de Deus. A seguir, nos versículos 16 e 17 Davi faz a distinção entre ato meramente penitencial, por meio do oferecimento de sacrifícios, e o reconhecimento de que os sacrifícios são meios externos de testemunhar algo maior, que é a restauração espiritual entre ser humano e Deus, quando aquele entende que somente este último tem o poder de perdoar pecado.
Desta forma, creio que dá para entenderm os que o ser humano feliz é aquele que consegue chegar ao entendimento de que somente Deus é perdoador:  “Bem-aventurado aquele cuja transgressão  é  perdoada, e cujo pecado  é  coberto” .  O Deus das páginas do Antigo Testamento é o Deus perdoador.

O PERDÃO DE DEUS MANIFESTO EM CRISTO
O universalismo do pecado é atestado também pelo apóstolo Paulo:  “Porque todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus” (Rm 3.23). Este versículo precede a declaração do apóstolo que coloca o perdão junto ao ato redentor de Cristo que, em sua paixão e ressurreição, gratuitamente nos justificou e nos remiu dos nossos pecados:  “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”  (Rm 3.24). João, tendo em
mente o modelo de sacrifícios no Antigo Testamento e o sacrifício de Jesus, é eloqüente ao afirmar que é o sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.7). O escritor aos Hebreus (9.11 - 15) dá-nos relevante orientação sobre a supremacia do sacrifício de Cristo no perdão dos pecados da humanidade, em detrimento de um sistema provisório de sacrifícios que foi estabelecido no tempo do Antigo Testamento.
Ora, se o sistema de sacrifícios do tempo do Antigo Testamento com toda a característica de transitoriedade produziu o correto pensar de Deus como perdoador, quanto mais o sangue imaculado de Jesus. O sacrifício de Cris­
to está atrelado ao amorável ato salvador de Deus que, sabendo que o salário do pecado é a morte e que estaríamos eternamente desamparados, promoveu-nos a singular oportunidade de reflexão e entrega de vida ao único Deus perdoador.

EFEITOS DO PERDÃO DIVINO
Não podemos trabalhar o perdão di­vino no terreno das hipóteses ou num campo m eram ente teórico. Perdão é muito mais do que teoria; é experiência pessoal, é o encontro da alma do ser humano com o ser divino ávido por demonstrar seus sentimentos. Sendo assim, não temos um modelo tipo bula farmacêutica para padronizar as ações do perdão de Deus. Mesmo assim, precisamos de alguns referenciais que auxiliem no entendimento do perdão ativo e, para isto, devemos trabalhar no campo do sentir, ou seja, há sentimentos diversos que nos tomam quando perdoados por Deus. Por exemplo, somos envolvidos por uma paz singular. Paulo diz que, “sendo justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”  (Rm 5.1). Paz não significa ausência de conflitos ou tribulações, mas é a tranquilidade não explicada pelo conhecimento humano quando estamos em meio às maiores turbulências. Paulo chama isto da paz que excede a todo o entendimento humano (Fp 4.7). Paz é um estado de harmonia com Deus produzido pela certeza de que os nossos pecados foram perdoados e que temos a garantia da vida eterna. É a tranquilidade de saber que os nossos pecados não fazem mais separação entre Deus e nós. Lembre que Jesus tomou sobre si as nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele (Is 53.5).
Outro efeito que a Bíblia nos apresenta é a libertação. E o que nos diz Paulo em Romanos 6. Todo aquele que vive em pecado é escravo do pecado, mas quem é perdoado por Deus não está mais sob o jugo do pecado. Nele há um senso de liberdade humanamente inexplicável. Paulo chama isto de  “novidade de vida”  (Rm 6.4). O homem só se dá conta da liberdade verdadeira quando se encontra com Deus. Ele avalia todos os modelos sutis de escravidão em que estava envolvido e se sente morto para o pecado e vivo para Deus (v. 11). Mesmo tentado a cometer pecados voluntários, mesmo sabendo que continua livre para escolher, o homem prefere Deus às velhas obras da carne e se sente cada vez mais livre em Cristo para optar por ele (v. 12-23). Romanos 7 apresenta um conflito, com o qual defrontamos também, que é entre o certo e o errado, o ser e o não ser, o fazer e o não fazer. Paulo o denomina conflito do espírito com a carne. Numa hora de crise comum a todos nós, o perdão faz a diferença, pois junto aos outros referenciais, acima citados, ele funciona como um agente de inibição para a volta ao pecado. Por isso, Paulo começa Romanos 8 dizendo que não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo, para aqueles que pela força do perdão não cederam à tentação do pecado.

CONCLUSÃO
Na introdução a este estudo, fizemos uma pergunta sobre o conceito de pecado em relação ao termo “esquecimento” diante do texto de Jeremias 31.34. Vou ilustrar minha explicação. Quando me­nino, eu corria muito pelas ruas do meu bairro e não raras vezes caía e chegava em casa com cortes profundos no corpo. Hoje olho as cicatrizes, lembro das que­das, mas não sinto dor. Note isso: lembro das quedas, mas não sinto dor. Por quê? Porque está cicatrizado. O agente causador da dor já está curado, isto é, não tem mais efeito sobre mim. Quando aquilo que causa mal-estar no rela­cionamento entre o ser humano e Deus está curado, não há mais dor, e isto não vem de nós; é proveniente de Deus, o Deus perdoador.